sexta-feira, 6 de maio de 2011

Presente


                                            

     Era manha de outono, um sol entrava pelas frestas da cortina, um cheiro bom de rosa se abrindo chegou e suas narinas, o levantar preguiçoso e o caminhar lento ate o banheiro, ate ali foi um fato corriqueiro, a surpresa foi ao abrir a porta e olhar para fora a rua a chamava para caminhar, em cima dos fios os pássaros em uma algazarra só, e filhotes de cães, passeavam despreocupados, o caminho ate a padaria, parecia algo novo, como se ali, nunca estivesse passado, Era realmente um dia novo. O que será que houve?_ se sentia assim, em um estado letárgico, as pessoas, o ar, tudo era novo... Até seu caminhar, sua postura, seu jeito.
     Foi quando ao retornar da padaria, encontrou em sua caixa de mensagens, uma carta e isso foi coisa de Deus, ao abrir ali estava a resposta as perguntas. Que encabulava seu ser a tantas noites, se sentiu livre, madura e especial, livre das dores que carregava na alma há tantos anos, livre de sentimentos mesquinhos, do ciúme, da solidão, do abandono. O que mais temia, era agora um presente muito querido.
     A paz de Deus... Essa paz que alivia as dores da alma, e pensar que ela andou por tantos caminhos, tantas, estradas, com amores mal resolvidos, amores impossíveis, querer mudar alguém pode ate ser mais fácil que mudar a si mesmo. Mas Deus mudou seu semblante, sua voz o seu caminhar.
     A oração que fez abriu um espaço...
    
     Senhor entra o meu coração esta uma bagunça,
Cheio de poeira e telhas de aranha. Aqui não tem nada
No lugar, mas senta, espera, vou limpar a cadeira, meu.
Pai senta aqui, quero te agradecer, por tudo, antes quero.
Pedir perdão, pois não sou digna nem merecedora do que.
Tens feito em minha vida. A casa, a saúde o amor, os animais.
A vida, o trabalho, os amigos, o estar em sua casa.
Sei que sou tua e que me amas, mas eu tenho errado tanto...
Caminhado por caminhos que não são teus, feito coisas que.
Desagradaram-te muito, e a minha casa, meu coração esta assim.
Mas, quero que saibas que desde criança, eu sempre quis ser.
Aquela pessoa fiel, temente e leal,
Mas a vida me foi dura demais
E acho que não consigo mais continuar, estou muito cansada, e os.
Meus ossos doem, minha cabeça lateja e meu coração esta em mil pedaços
Pai quero, que me ajude, a limpar meu coração e colocar nele coisas novas.
Quero que somente tu estejas assentado no trono do meu coração.
Quero que saiba que te amo muito e desejo te servir, mas, sei que sou julgada.
E sou condenada, mas sei que te amo apesar de tudo, e sei que estas em mim.
Senhor fecha a porta do pecado em minha vida e me coloca novamente de pé.

    Deus respondeu em sua palavra com sua voz mansa e suave,
“Eu entrarei em sua vida e farei um renovo, fecharei a porta do pecado”,
Colocarei um canto em sua boca, levantarei sua cabeça, te farei coluna no meu.
Templo te chamou para ser cabeça e não cauda; hoje entro em tua casa em teu
Coração e farei morada. “Hoje começa nova estória em sua vida.”

      Helena, assim que entrou em casa se viu as voltas com a bagunça, roupas e sapatos espalhado, meditando na palavra, começou a recolher e arrumar tudo, olhando a poeira.
Passando o dedo por sobre os moveis, se sentiu feliz, cheia de vigor, uma nova pessoa.
Assim que limpou tudo, olhou para o presente que havia ganhado de seu pai aquele ser,
Maravilhoso que a enchia de vontade, lhe ajudando sempre que precisava.
     Sentou-se a frente do presente e dedilhou sobre o teclado, sorrindo sozinha;
Aquela noite foi especial, e desde essa noite nunca mais se sentira fora do ninho;
Mas não foi fácil, como um vídeo tape, as coisas foram tomando formas, e cores e a ferida estava ali cicatrizada. Pronta para abrir.

      A infância sem os pais, a criação na casa dos avos, a adolescência, difícil, o casamento que não deu certo, o preconceito por parte da família, por parte da igreja, o abandono das pessoas que amava o julgamento, a paixão, a falsidade das amigas, o querer ajudar aos que estavam à margem da lei, da sociedade, do amor, tudo veio em forma de faca rasgando o interior, dilacerando o que estava lá, escondido e guardado, aos poucos foi desabando em forma de lagrimas quentes e abundantes, no canto do quarto no chão frio onde se sentara, desabafou tudo que lhe ia à alma e sem pensar colocou pra fora, tudo aquilo que doía muito e há muito tempo estava escondido.
    Agora era nova mulher, a idade fez-lhe bem, chegou com um sorriso sapeca e um jeito infantil a fase adulta, hoje não era a menina que fora, mas guardou em si a magia e o sonho de ser alguém, e hoje é uma linda mulher, e a lembrança do que vivera ficou lá no rio em que se formou das lagrimas que caíram em abundancia pelo chão, que certo é que um anjo colheu e as levou à Deus que enviou uma resposta a seu coração cansado e triste agora cheio de vigor e feliz.

    O sabor de uma doce manha de outono se estendia por toda tarde e o cheiro de rosas se abrindo, o latir de cãezinhos, o cantar dos pássaros, o macio do veludo aquecendo ao sol, no varal peças guardadas de um inverno passado, agora a espera da próxima estação.
Logo um gato levado ronronando em suas pernas, um abrir de porta no quarto desperta a atenção, alguém querido, levanta-se da cama, e se prepara para mais uma noite de trabalho; lá fora a tarde se vai, e juntos de mãos dadas se preparam para mais um por de sol.


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